quinta-feira, 11 de abril de 2013


Um dia vou encontra-me. Encontrar-te-ei a ti. Sentado num banco de jardim, esfumaçando a ponta breve de um cigarro brando que te aquece a alma. Intuitivo e gingão, barba de três dias e saudades minhas. Assim te imagino, à minha espera, como se os dias não passassem e a ausência se tornasse cada vez mais acentuada na tua memória. Não me percas, agarra-te aquilo que te resta de mim. Estou a chegar, pensas.
Fugiremos juntos para longe. Longe de tudo o que agora é nosso. O que nos perturba e pouco a pouco nos transforma. Misturamos-nos com tudo aquilo que não nos pertence, que excluímos a princípio mas que agora devorará a nossa existência e perturbará a nossa maneira de pensar.
Vou encontra-te, pegar em ti e levar-te para longe. Longe daqui. A vida apressa-se, mas há coisas que continuam na mesma. Como esta minha vontade de ti. Da tua presença sonâmbula entre as horas mais escuras. O teu ser balançado a rodopiar à minha volta, envolvendo-me na teia doce da vida. Estou cheia de ti em cada movimento, cada cambalear fala da tua história, daquela que me transmitiste. Mesmo sem saberes. Inconscientemente sou a continuação da tua história, do teu nome, de ti .
Procuro-te lá fora, na confusão dos restantes. Procuro-te entre o mais comum dos Homens. Cheios de si próprios, vidas isoladas, telhados assombrados, mágoas doloridas. Vou encontrar-te, penso, para acalmar o meu coração sedento de ti. Eu sei, falam de ti… Mas não te conhecem, não como eu. Haverá outra forma de olhar para ti sem ser com o coração? Vagueias perdido na minha memória, flutuas com vontades abstractas. Desejas que te encontre, ainda não é o tempo certo. Um dia será, não agora. Riu para ti, para que venhas ao meu encontro, de mãos dadas com as tuas ilusões. Trá-las contigo, falamos sobre elas enquanto bebemos café...

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